Notícias Empresariais

Os aspectos políticos das empresas e como afetam sua carreira

A tristeza de ser demitido e ver seu futuro ameaçado, por exemplo, é uma experiência terrível

É sempre importante tomar decisões de carreira tendo em vista o longo prazo. Entretanto, nem sempre estamos sob uma liderança que saiba equilibrar os resultados de curto e longo prazo. Sendo assim, ao escolher ser empregado, sua carreira fica sujeita a decisões influenciadas por questões subjetivas ou, no mínimo, de difícil esclarecimento.

O fechamento da operação de gestão de fortunas do Bank of America Merrill Lynch no Brasil é um caso exemplar, em que carreiras de longo prazo foram ceifadas por uma decisão focada no curto prazo. Uma fonte anônima afirmou que "a decisão está em linha com a estratégia global do banco de sair de negócios que não sejam altamente rentáveis". E, num comunicado do banco obtido pela Reuters, o Merrill Lynch afirmou que "não foi uma decisão fácil, mas necessária, dado o nosso objetivo de maximizar o retorno aos acionistas". Se um plano de dez anos está sendo executado e apresentando os resultados esperados no tempo, como interrompê-lo maximiza o retorno aos acionistas?

O problema é que a natureza humana está presente mesmo em líderes responsáveis por decisões dessa envergadura, e como funcionário você irá enfrentar decisões subjetivas e emocionais, não importa quão revestidas elas estejam de um verniz racional. A consequência disso é que, muitas vezes, profissionais saem de carreiras sadias para aceitar um convite em um novo negócio, para, então, descobrir que a nova empresa não pensa nos resultados de forma a equilibrá-los no curto e no longo prazo.

São momentos muito difíceis para o profissional: a tristeza de ser demitido e ver seu futuro ameaçado é uma experiência terrível, ainda mais quando se planeja um futuro de longo prazo em um plano oferecido pelo próprio empregador.

Não existe uma forma 100% segura de evitar essa experiência. Mas uma pessoa deve se interessar de forma abrangente pela empresa na qual trabalha. Não apenas pelo que lhe é oferecido quando é feita a proposta de emprego, mas também para conhecer as pessoas que estão no mais alto nível hierárquico da organização, como competem, seus pontos de vista e quão desafetos são entre si. Pois são essas questões, nem sempre tão claras, que determinam a estratégia da empresa e, consequentemente, o futuro do profissional. Existe mais política dentro de certas organizações do que no Congresso Nacional.

Quando ouço uma pessoa dizer que não se interessa por política, que apenas "faz o seu trabalho", sei que estou diante de alguém que terá um futuro de sobressaltos, pois não olha para elementos que são determinantes para as decisões que afetam sua carreira. Por exemplo, quando um executivo sai de um posto relevante e é substituído por outro que era seu competidor, provavelmente este irá querer desfazer os planos do primeiro – já viu isso em Brasília? Pois isso acontece nas empresas. Segundo, quando as ações estão em baixa, o principal líder fará o que for preciso para reverter esse quadro rapidamente. Não importa se isso prejudicar ainda mais os resultados de longo prazo.

Ao se interessar pelos mecanismos políticos e subjetivos que movem os principais líderes da empresa, a pessoa cria condições da avaliar de forma mais abrangente seu futuro profissional. O propósito de fazer isso é ter maior previsibilidade e, portanto, mais tempo para se preparar antes que essas mudanças possam impactar de forma desfavorável sua carreira. Logo, olhar para os aspectos políticos e subjetivos que envolvem os principais líderes da empresa é um comportamento fundamental para conduzir de forma apropriada a carreira. Vamos em frente!

Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching e autor do livro "Conversa de Elevador – Uma Fórmula de Sucesso para sua Carreira".

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